Choque Cultural na Austrália: Como São os Australianos de Verdade (+ Dicas para se Adaptar)
Descubra como são os australianos de verdade, curiosidades do dia a dia e dicas práticas para lidar com o choque cultural na Austrália.
Introdução
Mudar para a Austrália é o sonho de muita gente. Quem nunca ouviu: “Eles são super amigáveis!” ou “Você vai amar o clima descontraído!”? Tudo isso é verdade, mas… a história tem nuances. Se você está pensando em se mudar para cá (ou acabou de chegar), se prepare: a primeira impressão pode surpreender.
Neste post, vou compartilhar minhas percepções, curiosidades e dicas para lidar com essas diferenças culturais, tudo baseado na minha vivência (e na de outros brasileiros que conheci por aqui).
A primeira impressão: Cadê os abraços?
No Brasil, cumprimentar é quase um ritual social. Um abraço apertado, um beijo no rosto, às vezes até dois. Aqui? Nada disso. A regra é simples:
“Hi, how are you?” e um sorriso. Nada de toque físico.
Na minha primeira experiência no trabalho, cheguei animada para conhecer a equipe e… silêncio constrangedor na minha cabeça. Apenas um aceno de mão. No começo, dá aquela sensação de frieza, mas não é pessoal. É só o jeito deles.
✔ Dica: Não force contato físico. Espere que eles puxem assunto e você vai perceber que, mesmo à distância, eles são receptivos.
Conversas de elevador? Nem pensar! (Ou quase…)
Se no Brasil a gente puxa papo até na fila do banco, aqui a dinâmica é outra. Os australianos são mais reservados e não têm essa necessidade de conversar com desconhecidos. No ônibus, no trem, no mercado… cada um no seu quadrado.
Mas, curiosamente, os mais velhos quebram essa regra. Toda vez que saio com minha bicicleta elétrica, algum idoso puxa assunto. Eles perguntam quanto corre, elogiam, contam histórias. Acho isso adorável. Talvez seja coisa de outra geração — quando conversar com estranhos era mais comum — ou simplesmente porque eles se sentem mais sozinhos e gostam de socializar.
✔ Conclusão: Os mais velhos australianos são um charme à parte!
“How was your weekend?” – E não é curiosidade falsa
Uma das coisas que mais me chamou atenção foi a pergunta sobre o fim de semana. Se você trabalhar em um escritório ou tiver colegas australianos, prepare-se para ouvir toda segunda-feira:
“How was your weekend?”
No começo, achei superficial, como quem pergunta por educação. Mas, na verdade, é uma forma genuína de socializar. Eles realmente esperam uma resposta — mesmo que seja simples:
“Pretty good, went to the beach. How about you?”
✔ Dica bônus: Tenha sempre algo para contar. Pode ser até que você ficou em casa assistindo Netflix. Eles adoram ouvir isso!
Quando a confiança aparece… a curiosidade também
No início, eles são super discretos sobre a sua vida. Nada de perguntas sobre idade, relacionamento ou religião. Mas, com o tempo, quando a amizade se fortalece, as perguntas começam a surgir — às vezes até um pouco invasivas para nós brasileiros.
Já me perguntaram:
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“So, how much do you pay for rent?” (Quanto você paga de aluguel?)
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“Do you want kids?”
-
“Do you plan to stay here long-term?”
Para eles, isso é só conversa, sem maldade. Para nós, parece íntimo demais.
Palavrão com F: Extravasando emoções
Outra coisa que notei: o famoso palavrão com F (sim, aquele mesmo) é onipresente no vocabulário australiano quando algo dá errado. Mas atenção: eles não usam isso para ofender as pessoas. É mais como uma forma de extravasar frustração com situações, não com indivíduos.
Perdeu o ônibus? “F**!”*
Caiu café na roupa? “F**!”*
Quebrou algo? “F**!”*
No começo, pode parecer agressivo, mas é quase um “droga” turbinado.
Pequenas fofuras: “Darlin’”
Entre tantas diferenças, uma coisa que acho fofa e acolhedora: muitas mulheres australianas, especialmente as mais velhas, chamam as pessoas de “darlin’” (diminutivo de darling). Algo como “querida” em português.
Se você ouvir um “How are you going, darlin’?”, não estranhe — é carinho puro no jeito australiano.
(Imagem sugerida: foto em uma cafeteria com legenda “Bom dia, darlin’!”)
Impaciência no trânsito (e as buzinas traiçoeiras)
No geral, os australianos são calmos. Mas no trânsito? Nem tanto. Apesar de ser considerado rude buzinar sem necessidade, não demore mais do que um milésimo de segundo para arrancar quando o sinal fica verde, porque a buzina vem!
Isso me pegou de surpresa, porque sempre imaginei que fossem zen ao volante. Não são agressivos como em outros países, mas a falta de paciência no farol é real.
Comunicação direta (e o “sorry” que não vem)
Brasileiros têm fama de falar com “jeitinho”, sempre suavizando para não parecer rude. Aqui, a comunicação é muito mais direta. Se algo não está bom no trabalho, eles falam sem rodeios. Não é grosseria, é praticidade.
Também não espere mil desculpas. No Brasil, falamos “desculpa” até se alguém esbarra na gente. Aqui, nem sempre isso acontece.
✔ Dica: Não leve para o lado pessoal. Quando entender essa diferença, tudo fica mais leve.
Trabalho: menos formalidade, mais equilíbrio
No ambiente de trabalho, a hierarquia existe, mas é menos rígida. Chamam chefes pelo primeiro nome, sem “senhor” ou “doutor”. E uma coisa maravilhosa: eles valorizam o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho. Saiu do expediente? Ninguém espera que você responda e-mails.
Como lidar com o choque cultural sem surtar?
✔ Observe e adapte-se aos poucos. Não precisa virar outra pessoa, mas entenda que cada cultura tem sua lógica.
✔ Não confunda reserva com frieza. Eles valorizam espaço, e isso não significa que não gostam de você.
✔ Entre no clima. Responda “How was your weekend?” com algo simples e pergunte de volta. É uma boa porta de entrada para criar laços.
✔ Tenha jogo de cintura. Algumas perguntas podem parecer invasivas, mas você sempre pode responder com humor ou de forma vaga.
Minha conclusão depois de anos aqui
Sim, no começo parece que falta calor humano. Mas, com o tempo, percebi que os australianos são sinceros, diretos e extremamente justos. Quando gostam de você, é de verdade. E a amizade é leal.
Se você está chegando agora, não se assuste com o silêncio no ônibus ou com a falta de abraço no trabalho. Logo você vai se sentir em casa — e até achar estranho quando voltar para o Brasil e alguém te cumprimentar com dois beijos!
E você? Já passou por algum choque cultural na Austrália?
Conta aqui nos comentários, porque adoro saber como foi para outras pessoas.
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